Olá pessoal, tudo bom por aí? Então,
atendendo a pedidos, essa postagem vai discorrer acerca de marcadores
bioquímicos associados aos fatores de risco de se obter doenças
cardiovasculares.
Como sabemos, as doenças de cunho
cardiovascular se constituem em grandes responsáveis pela atual taxa
mortalidade dos brasileiros (principalmente na região sudeste), são também uma
das principais causas de internações prolongadas nos hospitais do país e a
principal alocadora de recursos financeiros no que diz respeito a gastos
hospitalares no Brasil (Ministério da Saúde, 2010).
Com a mudança da dinâmica da vida do
brasileiro e o aumento do poder de compra, principalmente das classes C e D, houve
também uma alteração no quadro de doenças mais prevalentes na população do
país. Agora, além das doenças infecto-parasitárias, o governo deve se preocupar
e buscar meios de prevenir e tratar da melhor forma as doenças crônicas, dentre
essas as cardiovasculares.
Entre os fatores de risco de maior probabilidade para o
desenvolvimento das doenças cardiovasculares (DCV) estabelecidos, destacam-se o
fumo, a hipertensão arterial, as dislipidemias e o diabetes mellitus. Tais
fatores estão intrinsecamente relacionados a nossa boa e velha bioquímica e no
decorrer desta e de outras postagens, constataremos esse fato; hoje, portanto, nos deteremos às dislipidemias.
Além dos marcadores de risco bioquímicos, há
também os antropométricos, dos quais o IMC (Índice de Massa Córporea) merece
destaque. O Índice de Massa Corporal
(IMC) (kg/m2) — acima de 25, que caracteriza o sobrepeso, está associado a
maior risco de desenvolvimento de morbidades crônicas não transmissíveis, sendo
este gradativo e contínuo. Entretanto, como os indivíduos diferem em relação à
composição corporal e localização da gordura, o uso do IMC deve ser associado a
medidas da distribuição de gordura, como forma de melhor predizer o risco.
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FONTE: ESTÚDIO VIDA |
Os
homens tendem a ter maior proporção de gordura abdominal, conferindo-lhes o
chamado padrão masculino ou andróide de distribuição de gordura. Por outro
lado, as mulheres tendem a ter maior quantidade de gordura na região glútea,
apresentando o padrão feminino ou ginóide de distribuição de gordura corporal9.
Este padrão pode ser avaliado pela razão entre a circunferência da cintura e
circunferência do quadril, conhecido como razão cintura/quadril (RCQ), bem como
pela razão cintura/altura (RCA) e circunferência da cintura. A RCQ e a
circunferência da cintura (CC), são as medidas mais utilizadas para estimar a
gordura abdominal que, por sua vez, relaciona-se à quantidade de tecido adiposo
visceral.
Estudo epidemiológico mostrou que a
obesidade central estava associada com a hipertensão arterial, importante fator
de risco das doenças cardiovasculares. Da mesma forma, o excesso de gordura na
região abdominal (adiposidade central) pode ter maior capacidade preditiva que
a massa corporal total para o infarto do miocárdio e o acidente vascular
cerebral.
Um ponto importante a ser mencionado neste
momento é que os pontos de corte de RCQ - como preditor de doenças crônicas -
mais utilizados para homens (>1,0; >0,95) e mulheres (>0,80;
>0,80), baseiam-se em estudos epidemiológicos suecos e canadenses, que cá entre
nós constituem uma população bem diferente do padrão brasileiro.
Em relação aos marcadores de riscos
bioquímicos nas doenças cardiovasculares, destacaremos hoje a correlação entre
os níveis de colesterol plasmático e as probabilidades de se
desenvolver tal tipo de cronicidade. Essa relação é diretamente dependente das
chamadas lipoproteínas, que se constituem de aglomerados de lipídios anfipáticos, triglicerídeos,
colesteróis, ácidos graxos e proteínas especiais chamadas apolipoproteínas,
dentre as lipoproteínas, destacaremos a LDL e HDL por seu papel fundamental no
transporte de colesterol pelo corpo e, por conseguinte, no risco de doenças
coronárias.
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FONTE: TUA SAÚDE |
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FONTE:TUA SAÚDE |
As LDL (lipoproteínas de baixa densidade) são ricas em ésteres de colesterol, e
são a principal forma de distribuição de colesterol aos vários tecidos, onde é
necessário para síntese de membranas e hormônios. As LDL são captadas pelas
células mediante receptores de membrana especiais, que a célula produz à medida
que sua necessidade de importar colesterol aumenta ou diminui. Já as HDL (lipoproteínas de alta densidade), originam-se
basicamente do fígado e intestino na forma de bicamadas discoides de
fosfolípides. No plasma, captam colesterol não esterificado e o incorporam em
seu centro hidrofóbico, entregando-o aos hepatócitos para catabolismo. Agem portanto
como “lixeiros” de colesterol. A concentração de HDL é inversamente relacionada
à incidência de aterosclerose coronária, talvez refletindo sua eficiência em
remover colesterol.
O desequilíbrio nesse mecanismo de
transporte de colesterol pode acarretar o acúmulo prejudicial deste, gerando
dislipidemias, fator de risco muito significativo na avaliação de riscos de
doença cardiovascular, uma vez que a descompensação de lipídios pode gerar
placas de ateromas e até mesmo interrupção do fluxo sanguíneo e infarto.
REFERÊNCIAS: Barata RCB. O desafio das doenças emergentes e a revalorização da epidemiologia descritiva. Rev Saúde Publica 1997; 31(5):531-7.
Ministério da Saúde. Brasil. Informações em Saúde — Mortalidade. [online] [citado 2010 abr 4] Disponível em: http://www.saude.gov.br/inform/indica/indica