terça-feira, 16 de junho de 2015

Troponina, miosina e creatinofosfoquinase

Então é isso, pessoal! Agradecemos a companhia de todos vocês, caros leitores.
Calma, não fiquem de coração partido: é o nosso último post por enquanto. Voltaremos próximo semestre. ;)
Na nossa primeira postagem, falamos sobre, dentre outras coisas, a troponina (dá uma olhadinha pra relembrar: http://medgrupoe.blogspot.com.br/2015/04/sindrome-coronariana-aguda-caso-clinico.html). Agora iremos detalhar um pouco mais sobre o tema e falaremos também sobre mioglobina e creatinofosfoquinase, que são marcadores bioquímicos cardíacos. Esses marcadores são substâncias intracelulares liberadas na corrente sanguínea na presença de alguma lesão miocárdica, tendo como principal função avaliar a série contínua de casos de isquemia miocárdica que se correlaciona com o espectro de risco, diagnosticar o IAM (ainda lembram desta sigla?), atuando como precursores e possibilitando a identificação de pacientes com síndromes coronarianas agudas.
A mioglobina é uma hemoproteína citoplasmática de baixo peso molecular, comparada à hemoglobina, já que a mioglobina é parecida com uma das cadeias polipeptídicas da hB, sem apresentar estrutura quaternária. A proteína em destaque está presente tanto em tecidos musculares cardíacos, como esqueléticos.
É um marcador muito precoce de lesão miocárdica, precedendo a liberação de CK-MB em 2 a 5 horas e por ser uma molécula pequena, é liberada na circulação dentro de 1 hora após a morte celular com valores de pico sendo atingidos em 5 a 12 horas, normalizando dentro de 12 a 24 horas.
Para diagnosticar o IAM, a mioglobina pode ser mais útil quando usada junto a outros marcadores cardíacos, principalmente em pacientes que apresentarem sinais e sintomas (como dor torácica) e alterações inespecíficas no ECG. Além disso, o valor clínico da determinação sérica da mioglobina no IAM é limitado devido a sua rápida elevação e baixa especificidade.




A troponina I, um monômero com 23,5 kDa, corresponde à componente inibitória do complexo troponínico, inibindo, portanto, a contração muscular quando a concentração do cálcio plasmático é baixa. Tal como a troponina C, ou qualquer outra proteína, a troponina I tem um terminal N (domínio inibitório) e um terminal C (domínio de ligação à actina). A ligação da actina ao domínio inibitório faz com que a troponina I iniba o efeito ativador da actina sobre a ATP-ase (adenosina trifosfato) da miosina, conduzindo ao relaxamento muscular. Acredita-se que o terminal C esteja intimamente envolvido na indução da mobilização da tropomiosina para uma posição inibitória que bloqueie a interação entre a miosina e a actina. O domínio inibitório tem uma sequência particular de aminoácidos que se tem mantido preservada ao longo da evolução das espécies, sugerindo tratar-se de um ponto crítico na regulação do ciclo contração / relaxamento do muscular cardíaco.

De fato, já foram documentadas alterações nessa sequência de aminoácidos, condutórias a um defeito da ação inibitória da troponina I durante a diástole em certos tipos de insuficiência cardíaca tais como o IAM.
A creatinoquinase (CK) ou creatinofosfoquinase é uma enzima formada por moléculas diméricas compostas de subunidades M e B e existem na forma de isoenzimas MM, BB e MB, sendo esta última, encontrada no músculo cardíaco e, por isso, funciona como um importante marcador bioquímico para diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio. Nas 6 primeiras horas de um IAM, essa enzima se  eleva no sangue, tendo seu pico sérico 18h após seu aparecimento; passado esse período, ela tende a normalizar sua concentração sanguínea.
Esperamos que tenham gostado! Que comentários podem ser feitos sobre a ação fisiológica (normal) de cada marcador? Sobre a estrutura, o que mais vale a pena detalhar? Um breve “até logo”!

REFERÊNCIAS:


quarta-feira, 10 de junho de 2015

CARDIOTOXICIDADE DE ANESTÉSICOS LOCAIS + CARDIOLIPINA


            A cardiolipina é um fosfolipídio tetra-acil único encontrado quase que exclusivamente na membrana mitocondrial interna. Essa substância está relacionada com o funcionamento ótimo da maioria das enzimas envolvidas no metabolismo energético, seja na estabilização da membrana, formação de supercomplexos de proteínas, seja no funcionamento da cadeia respiratória. Por isso, esse fosfolipídio é considerado o principal mediador do metabolismo mitocondrial.

            Enquanto isso, anestésicos locais(AL), como a bupivacaína, a levobupivacaína e a ropivacaína, possuem em sua maioria um grupo aromático (lipossolúvel, hidrofóbico) associado a um grupo amina (polar, hidrofílico), agindo seletivamente nos canais de sódio, impedindo a neurotransmissão do potencial de ação. Porém, foi constatada possível toxicidade sistêmica deles, com foco em sua cardiotoxicidade.

            Devido a limitações éticas, é difícil encontrar estudos clínicos que possam esclarecer essa relação entre os AL e a cardiotoxicidade. Porém, sabe-se, através de estudos em mitocôndrias in vitro, que os anestésicos locais apresentam diversos efeitos na fosforilação oxidativa, dependendo de sua estrutura química, incluindo a inibição do transporte de elétrons e ATPase, afetando o transporte de íons, como o Ca2+, mostrando relações entre a lipossolubilidade do AL e seu efeito cardiotóxico.
            Além disso, estudos em cultura de células mostraram que os AL alcançam a mitocôndria, alterando seus potenciais transmembranas, acarretando em um impacto na homeostasia do Ca2+, induzindo efeitos inotrópicos (força de contração) e lusitrópicos negativos.
            Esses achados através desses estudos fizeram com que a teoria da interação entre esses AL e a cardiolipina seja a explicação para essa cardiotoxicidade. Além disso, o estudo in vitro observou que a bupivacaína interage seletivamente com pequenos lipossomos biomiméticos unilamelar contendo cardiolipina, destruindo sua integridade e reforçando que essa interação pode ser o mecanismo responsável pela cardiotoxicidade desse fármaco.
         Para finalizar, esses estudos são importantes para melhor conhecimento farmacológico desses anestésicos, que, por sua vez, avançam em medidas para a reanimação do colapso cardíaco induzido por eles.
            E aí galera, o que acharam da postagem? Já há algum avanço nessas medidas com relação à reanimação? Há algum comentário sobre a estrutura das substâncias? Até a próxima!

            

REFERÊNCIAS: