Na
postagem anterior, falamos um pouco sobre um fármaco utilizado no tratamento de
bradiarritmias (aproveita e dá uma olhadinha lá pra revisar :D ) e agora
falaremos sobre o quadro, digamos, inverso: a taquiarritmia.
Segundo
a Sociedade Brasileira de Cardiologia, ritmo taquicárdico é aquele com
frequência superior a 100 batimentos por minuto.
Um dos aspectos mais importantes em pacientes sintomáticos
diz respeito à intensidade dos sintomas. Pacientes sintomáticos podem
apresentar sintomas desconfortáveis, como palpitações, tontura e/ou dispneia
leve, mas não apresentar qualquer sinal clínico de comprometimento hemodinâmico
(cujos indicativos são, por exemplo, alteração no nível
de consciência; hipotensão arterial sistêmica – PAS <90mmHg – ou choque circulatório com alteração da
perfusão periférica; congestão pulmonar; dor precordial anginosa; dentre outros). A menos que haja disfunção ventricular importante,
é consenso entre os especialistas que somente ritmos acima de 150 batimentos
por minuto causam sintomas de comprometimento
hemodinâmico. É importante saber que a consequência funcional de uma
taquiarritmia é a redução do débito cardíaco.
As
taquicardias podem ser divididas de acordo com a duração do complexo QRS: QRS
estreito (< 120ms) e QRS largo (≥120ms).
A manobra vagal é a opção inicial para as taquicardias
de QRS estreito com estabilidade hemodinâmica. Movimentos circulares no seio
carotídeo, logo abaixo do arco da mandíbula, (palpa-se a cartilagem cricoide e
deslizam-se os dedos lateralmente até encontrar o pulso carotídeo) por cerca
de 5 a 10 segundos são capazes de reverter de 25% a 40% dos casos. Caso essa
manobra não reverta o quadro, é utilizada a adenosina.
A adenosina
(esse nome lembra alguma coisa...) é bastante usada nos casos de
taquicardia, sobretudo no tipo QRS estreito. Adenosina
é uma droga que diminui a condução pelo NAV (nó atrioventricular) e que promove vasodilatação coronária. Possui meia-vida entre 5 e 10 segundos, tendo
assim, efeito fugaz, mas efetivo no tratamento da maioria das taquicardias de QRS estreito. Efeitos
colaterais (por exemplo, dor torácica, palpitação, hipotensão, dispneia,
cefaleia) podem ocorrer em até 60% dos casos. E
é importante orientar previamente o paciente que
ele poderá apresentar pressão torácica com sensação de “morte iminente”, mas esse efeito é
transitório.
Quando
administrada por via intravenosa, a adenosina causa bloqueio cardíaco
transitório no nó atrioventricular. Este é mediado através do receptor A1,
inibindo a guanilato ciclase e reduzindo o AMPc e assim causando hiperpolarização
celular. Quando as TSVs não respondem a manobra vagal está indicada a adenosina
na dose de 6mg IV em bolus seguida de flush de solução fisiológica.
A adenosina é um nucleosídeo formado pela união de uma adenina e uma ribose. É uma purina endógena originada da degradação de aminoácidos como metionina, valina e isoleucina.
As
contraindicações da administração de adenosina são: BAV (bloqueio
atrioventricular) de 2º ou 3º graus; disfunção do nó sinusal; fibrilação atrial
pré-excitada.
REFERÊNCIAS:
Sociedade Brasileira de
Cardiologia. I Diretriz de Ressuscitação
Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade
Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Rio de
Janeiro v 101, n 2, supl. 3, Agosto 2013.
Tallo, F. S.
et. al. Taquicardias supraventriculares na sala de emergência: uma revisão para
o clínico. Rev Bras Clin Med. São
Paulo, 2012 nov-dez; 10(6):508-12.