domingo, 3 de maio de 2015

ACLS: O que promete mudar?
O International Liaison Committe on Resuscitation (ILCOR), órgão regulador da ACLS (Suporte Avançado de Vida – Cardiovascular), promove alterações nos consensos desse suporte a cada 5 anos. Como o último foi realizado em 2010, espera-se novas alterações no protocolo em outubro de 2015. E aí, o que promete mudar?
Dois pontos principais prometem ser revistos em novo consenso de 2015: o uso de drogas extra hospitalares e a hipotermia terapêutica pós ressuscitação cardiopulmonar (RCP). O restante do consenso parece que deve ser mantido, tanto as siglas, como as sequências já estabelecidas.
Acerca do primeiro ponto, do uso de drogas  extra hospitalares, há a promessa que seja revista uma nova dosagem de epinefrina, devido a um estudo de matanálise de grande relevância que identificou uma pior evolução neurológica em pacientes com uso de epinefrina. A epinefrina, também conhecida como adrenalina, é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais e estimulante, sendo também considerada um neurotransmissor, já que age no sistema nervoso simpático. Dessa forma, seu uso é justificado pela tentativa de estimular os sistemas cardíaco e pulmonar, através de regulações simpáticas.
O outro ponto, é a hipotermia terapêutica. Correia6 (2011) “A hipotermia terapêutica é uma redução controlável da temperatura central do corpo com os objetivos definidos no tratamento de cirurgias cardíacas e neurológicas bem como na preservação da fisiologia após parada cardiorrespiratória.” Porém, estudos de metanálise apontam que não há muitas diferenças na evolução de uma hipotermia mantendo o corpo de 32 a 34ºC (temperaturas definidas pelo consenso de 2010) do que mantendo-o a 36ºC, estando sujeitos a menor risco devido ao procedimento.
Essas são apostas de possíveis mudanças no novo consenso de ACLS, mas para ter certeza de todas essas alterações, vai ser necessário esperar até outubro. Enquanto isso, como outras partes do consenso de 2010 dialogam com a bioquímica?

REFERÊNCIAS
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/3255, acessado em 03 de maio de 2015.
http://www.infoescola.com/hormonios/adrenalina/, acessado em 03 de maio de 2015.

8 comentários:

  1. Muito válido o tema dessa postagem, os profissionais da área da saúde precisam sempre se manter atualizados e conhecerem essas mudanças. O suporte avançado de vida busca manter a homeostase do organismo e isso pode ser muito bem explicado pela bioquímica, não é mesmo ?!
    Dois fatores importantes nessa busca, um deles foi até citado no post, é a epinefrina e a norepinefrina também chamadas de catecolaminas devido a semelhança química estrutural com o catecol, são sintetizadas a partir do aminoácido tirosina na medula das glândulas supra-renais (GSR, também chamadas de glândulas adrenais) e também por neurônios autônomicos onde atuam como neurotransmissores. A epinefrina é o principal produto da GSR e constitui cerca de 80% das catecolaminas. Ela permite uma série de acontecimentos metabólicos necessários à sobrevivência. A ação da epinefrina nos diversos tecidos é possível devido a presença dos receptores adrenérgicos dos tipos α e β (alpha e beta) subdividos em α1 e α2 ,β1 e β2 em células-alvo.
    Espero ansiosamente pela próxima postagem!
    GRUPO A

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  2. GRUPO B
    Boa tarde, pessoal! Assunto de muito interesse para os profissionais de saúde, afinal, um RCP bem executado e esquematizado pode salvar muitas vidas nos mais diversos ambientes, desde que haja alguém capacitado para realizar essa técnica. Achei muito interessante esses mecanismos utilizados para preservar as funções vitais de alguns órgãos, principalmente o cérebro. Pesquisei sobre a hipotermia pra tentar entender como essa alternativa atuava e descobri que em uma parada cardio-respiratória os tecidos nervosos começam a sofrer isquemia principalmente pela falta de perfusão sanguínea, com o retorno da perfusão, os efeitos destrutivos ainda se prologam por 48 a 72 horas porque o retorno da circulação ativa cascatas bioquímicas, resultando na migração intracelular de cálcio, na produção e na secreção de radicais livres de oxigênio e na liberação de aminoácidos excitatórios – em especial o glutamato –, promovendo a apoptose e contribuindo para a isquemia e o edema cerebral. Essa intensificação pós-isquemia da injúria cerebral exacerba-se quando a temperatura do paciente ultrapassa 37°C. Devido a isso o uso do resfriamento resulta em atraso da atuação de enzimas destrutivas, inibição dos processos bioquímicos geradores de radicais livres, proteção da fluidez das membranas lipoproteicas, redução da demanda de oxigênio em regiões de baixo fluxo, diminuição da acidose intracelular, inibição da biossíntese e liberação e captação dos aminoácidos excitatórios. Tudo isso tem como consequência a preservação da barreira hematoencefálica, vasodilatação, redução da pressão intracraniana e manutenção da função mitocondrial, ou seja, preservação neurológica. Até !

    REFERÊNCIAS
    http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2447/hipotermia_terapeutica_apos_parada_cardiorrespiratoria.htm
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000100010

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  3. Tema muito interessante para todos nós que estaremos atuando nessa área, um ponto que é sempre abordado em sala de aula é que um profissional bem capacitado, preparado e atualizado ajuda a salvar vidas. Como já foi abordado em outro comentário o principal ponto a ser trabalhado no suporte avançado é que mantenha-se o corpo em homeostase até que se recupere, isso explica o uso de hipotermia terapêutica pois diminuindo a temperatura do do corpo, em níveis toleráveis, impede-se a morte celular e a desnaturação proteica, o que com certeza ajudará na melhor recuperação do paciente, este é um ponto a ser sempre seguido por todo profissional de saúde. A revisão que ocorrerá em 2015 é muito esperada pois novos métodos e novos protocolos serão atualizados o que melhorará tanto a vida do paciente como garantirá ao profissional de saúde segurança e habilidades necessária para salvar vidas.

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  4. Grupo I

    Para o tratamento de parada cardíaca, as intervenções do suporte avançado de vida devem ser antecedidas com um suporte básico adequado, com reconhecimento e acionamento de ajuda precoce, RCP e desfibrilação rápidos, a fim de aumentar a probabilidade de retorno da circulação espontânea (RCE) com a terapia medicamentosa e o uso de dispositivos avançados de via aérea e monitoração. Após o RCE, a sobrevida e o desfecho neurológico podem ser melhorados, como já foi citado, com os cuidados específicos e sistemático pós-parada em uma UTI com o uso de hipotermia terapêutica e redução da fração inspirada de oxigênio, com o menor valor para se obter uma saturação arterial de oxigênio de 94%.

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  5. Grupo M
    A postagem está muito completa, e foi complicado de achar algo para complementar, mas pesquisando pude encontrar a indicação de 2010 em relação à epinefrina. O indicado pelo ACLS é que na assistolia, deve-se permanecer com a ventilação, garantindo uma via aérea adequada, compressões adequadas e utilizar a adrenalina 1 ampola de 1 mg EV (a cada 3 minutos) ou atropina 0,5 a 1mg/dose até 0,04 mg/Kg/dose (a cada 5 minutos), considerar também outras drogas como, bicarbonato, cálcio, volume. Outro fator interessante é que a adrenalina poderia ser substituída pela vasopressina, que é o mesmo ADH, a qual irá aumentar a pressão arterial e induzir a uma vasoconstricção das arteríolas, apesar de que somente alguns profissionais possuírem esse conhecimento. O que é bastante complicado, pois percebe-se, hoje, que o médico não está buscando a atualização do conhecimento como deveria buscar, prejudicando, assim o prognóstico de seus pacientes. Na espera das novas postagens!

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  6. Grupo M
    A postagem está muito completa, e foi complicado de achar algo para complementar, mas pesquisando pude encontrar a indicação de 2010 em relação à epinefrina. O indicado pelo ACLS é que na assistolia, deve-se permanecer com a ventilação, garantindo uma via aérea adequada, compressões adequadas e utilizar a adrenalina 1 ampola de 1 mg EV (a cada 3 minutos) ou atropina 0,5 a 1mg/dose até 0,04 mg/Kg/dose (a cada 5 minutos), considerar também outras drogas como, bicarbonato, cálcio, volume. Outro fator interessante é que a adrenalina poderia ser substituída pela vasopressina, que é o mesmo ADH, a qual irá aumentar a pressão arterial e induzir a uma vasoconstricção das arteríolas, apesar de que somente alguns profissionais possuírem esse conhecimento. O que é bastante complicado, pois percebe-se, hoje, que o médico não está buscando a atualização do conhecimento como deveria buscar, prejudicando, assim o prognóstico de seus pacientes. Na espera das novas postagens!

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  7. Oi gente! Que publicação massa! Eu li, e fiquei bolando, intuitivamente, os efeitos da hipotermia sobe o organismo. Daí, fui procurar, e encontrei o seguinte:

    "A hipotermia terapêutica é uma estratégia utilizada para diminuir a lesão miocárdica decorrente de isquemia durante intervenções cardíacas. A explicação é que a redução do consumo de oxigênio induzido pela diminuição da atividade metabólica celular limita as zonas de isquemia. Nesta técnica, o corpo é resfriado a 32 ºC, que é a temperatura interna mínima em que as células são preservadas dos danos decorrentes da falta de oxigênio. O aumento da afinidade do oxigênio à hemoglobina é compensado pelo aumento da sua solubilidade no sangue, mantendo compatível à oferta de oxigênio à sua demanda. Contudo, além deste mecanismo mais conhecido de cardioproteção, foi evidenciado que essa medida limita a ação de substâncias tóxicas, como os radicais livres, que tendem a aumentar a extensão do dano. Em modelos animais e em corações isolados foi observado também que a hipotermia terapêutica preserva as reservas celulares de ATP durante episódios de isquemia e diminui o tamanho do infarto, preservando o fluxo microvascular e mantendo o débito cardíaco. A intensidade e a duração da hipotermia são determinadas de acordo com o procedimento cirúrgico a ser realizado. Apesar dos efeitos benéficos da hipotermia sobre a proteção orgânica, o aumento do tempo de duração da hipotermia parece exercer efeitos contrários, piorando a lesão miocárdica".

    Bioquímicamente falando, vale lembrar do que vimos nas aulas de enzimas: a redução de temperatura desacelera as reações químicas, e daí é que podemos entender o porquê da utilidade desse método que, vale constar, está ainda em estudo, pois vai mudar a diretriz, e devem ser pesquisados os efeitos desse procedimento, não é?
    Publicação completa e comentários pertinentes! Parabéns à equipe que publicou e às equipes que comentaram o post ;)

    http://biobio-unb-extremos1.blogspot.com.br/2008/06/hipotermia_15.html

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  8. Grupo D
    Post bastante informativo, uma vez que nos relembra alguns assuntos importantes como a RCP, além de mostrar novas informações sobre o assunto. Focando um pouco mais na bioquímica da epinefrina pude encontrar mais algumas informações complementares sobre mais algumas reações do nosso organismo a essa substância. A epinefrina permite uma série de acontecimentos metabólicos permitindo ao indivíduo reagir a situações de estresse ou de esforço físico.
    Efeitos metabólicos:
    - glicogenólise muscular e hepática;
    - degradação de triacilgliceróis do tecido adiposo;
    - relaxamento de alguns músculos lisos e esqueléticos;
    - aumento da frequência cardíaca/força de contração.
    Efeitos metabólicos degradativos:
    - contrários aos efeitos da insulina;
    - adjuvante aos efeitos do glucagon.

    Referências: MARZZOCO, A.; TORRES, B.B..Bioquímica Básica, 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

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