sexta-feira, 22 de maio de 2015

Atropina no tratamento de bradicardia (& Bioquímica)

A bradicardia é caracterizada por frequência cardíaca inferior a 60bpm (batimentos por minuto). Quando a bradicardia é a causa de sintomas, a frequência geralmente é menor que 50bpm. Este limite é individual e frequências menores do que essas podem ser consideradas fisiológicas para alguns pacientes e inadequadas para outros.
Alguns dos sintomas causados pela bradicardia são: síncope ou pré-síncope, tontura, sensação de cabeça vazia, fraqueza, fadiga, diminuição do nível de consciência, falta de ar e desconforto ou dor torácica.
Já os sinais incluem sudorese, congestão pulmonar detectada ao exame físico ou pela radiografia, hipotensão ortostática, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca evidente ou edema pulmonar, dentre outros. 
Os pacientes devem ser monitorados à procura dos sinais de deterioração das condições. Deve ser feita terapia imediata para pacientes com hipotensão, convulsões e outros sinais de choque relacionados à bradicardia, porém os pacientes assintomáticos não precisam receber tratamento.
O tratamento inicial para os pacientes com bradicardia deve priorizar o suporte da via aérea e ventilação. Devem ser fornecidos suplementos de oxigênio, deve-se monitorar o ritmo e os sinais vitais e também estabelecer acesso intravenoso e realizar ECG para definir o ritmo do paciente.
Atropina é o fármaco de escolha para bradicardia sintomática aguda na ausência de causas reversíveis. O sulfato de atropina deve ser uma medida temporária, enquanto se aguarda a colocação de um marca-passo transcutâneo nos pacientes com BAV (bloqueio atrioventricular) sintomático de alto grau. A atropina é útil para tratar a bradicardia sinusal sintomática e pode ser benéfica para qualquer tipo de BAV em nível nodal.
A dose recomendada para a atropina nos casos de bradicardia é de 0,5mg IV a cada 3 a 5 minutos, com dose máxima total de 3mg. As doses de sulfato de atropina menores que 0,5mg podem causar lentificação adicional da frequência cardíaca.

A atropina é uma amina terciária. O sulfato de atropina tem fórmula molecular (C17H23NO3)2.H2SO4.H2O. É muito solúvel em água, facilmente solúvel em etanol e em glicerina e praticamente insolúvel em éter etílico e clorofórmio.
É um agente anticolinérgico, sendo, portanto, um antagonista da acetilcolina (neurotransmissor parassimpático) nos receptores muscarínicos pós-ganglionares. Dessa forma, o sulfato de atropina reverte os quadros de bradicardias mediados por colinérgicos. Por ser antagonista de acetilcolina, a atropina bloqueia o efeito do nervo vago tanto no nó sinoatrial (NSA) como no nó atrioventricular (NAV), aumentando a frequência de disparos do nó SA e facilitando a condução atrioventricular.



REFERÊNCIAS:

Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Rio de Janeiro v 101, n 2, supl. 3, Agosto 2013.
http://www.ufrgs.br/blocodeensinofavet/ensino/anestesiologia/medicacao-pre-anestesica

3 comentários:

  1. Parabéns pelo post. Lendo um pouco sobre atropina descobri que além de combater os efeitos da bradicardia ela também atua no combate a outros problemas. Um deles é por intoxicação por inseticidas organofosforados. Ela atua bloqueando os efeitos muscarínicos decorrentes da estimulação colinérgica. Além disso, a atropina é também indicado para o tratamento de contaminação por gases neurotóxicos, como o SARIN.

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  2. Achei algumas informações adicionais sobre a atropina:

    A atropina é umtipo de antagonista dos receptores muscarínicos; são antagonistas competitivos cujas estruturas químicas geralmente contêm grupos ester e grupos básicos na mesma proporção encontrada na ACh, porem apresentam um grupo aromático volumoso no lugar do grupo acetíl. É um composto de ocorrência natural, alcaloides encontrados em plantas solanáceas, como a beladona. São compostos de amônio quatemario suficientemente lipossolúveis para serem facilmente absorvidos no intestino ou no saco conjuntivo e, vale destacar, para atravessar a barreira hematoencefálica.

    Pessoal que quer trabalhar com cardio se faz nesse blog, hein?! Show!

    Rang & Dale [recurso eletrônico] : Farmacologia.H. P. Rang [et al] ; [tradução de
    Tatiana Ferreira Robaina et al]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2012

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  3. Grupo M
    Postagem muito interessante! Como já comentado pelos outros grupos a atropina é um antagonista da acetilcolina em receptores muscarínicos, o que significa que esse fármaco vai atuar de uma forma que a acetilcolina não exerça seu efeito. No caso do coração, a acetilcolina iria reduzir a frequência cardíaca, e com a sua inibição, a frequência cardíaca pode aumentar. A atropina é utilizada bastante em colírios oftálmicos para diversos exames oftalmológicos, e vai atuar promovendo a dilatação da pupila e a paralisação da acomodação visual. Assim, por meio da pesquisa provocada por essa postagem, percebe-se a ação da atropina em diversos tecidos. Aguardando as próximas postagens.

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