sexta-feira, 29 de maio de 2015

Adenosina no tratamento de taquicardia (& Bioquímica)

Na postagem anterior, falamos um pouco sobre um fármaco utilizado no tratamento de bradiarritmias (aproveita e dá uma olhadinha lá pra revisar :D ) e agora falaremos sobre o quadro, digamos, inverso: a taquiarritmia.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, ritmo taquicárdico é aquele com frequência superior a 100 batimentos por minuto.
Um dos aspectos mais importantes em pacientes sintomáticos diz respeito à intensidade dos sintomas. Pacientes sintomáticos podem apresentar sintomas desconfortáveis, como palpitações, tontura e/ou dispneia leve, mas não apresentar qualquer sinal clínico de comprometimento hemodinâmico (cujos indicativos são, por exemplo, alteração no nível de consciência; hipotensão arterial sistêmica – PAS <90mmHg –  ou choque circulatório com alteração da perfusão periférica; congestão pulmonar; dor precordial anginosa; dentre outros). A menos que haja disfunção ventricular importante, é consenso entre os especialistas que somente ritmos acima de 150 batimentos por minuto causam sintomas de comprometimento hemodinâmico. É importante saber que a consequência funcional de uma taquiarritmia é a redução do débito cardíaco.
As taquicardias podem ser divididas de acordo com a duração do complexo QRS: QRS estreito (< 120ms) e QRS largo (≥120ms).
A manobra vagal é a opção inicial para as taquicardias de QRS estreito com estabilidade hemodinâmica. Movimentos circulares no seio carotídeo, logo abaixo do arco da mandíbula, (palpa-se a cartilagem cricoide e deslizam-se os dedos lateralmente até encontrar o pulso carotídeo) por cerca de 5 a 10 segundos são capazes de reverter de 25% a 40% dos casos. Caso essa manobra não reverta o quadro, é utilizada a adenosina.
A adenosina (esse nome lembra alguma coisa...) é bastante usada nos casos de taquicardia, sobretudo no tipo QRS estreito. Adenosina é uma droga que diminui a condução pelo NAV (nó atrioventricular) e que promove vasodilatação coronária. Possui meia-vida entre 5 e 10 segundos, tendo assim, efeito fugaz, mas efetivo no tratamento da maioria das taquicardias de QRS estreito. Efeitos colaterais (por exemplo, dor torácica, palpitação, hipotensão, dispneia, cefaleia) podem ocorrer em até 60% dos casos. E é importante orientar previamente o paciente que ele poderá apresentar pressão torácica com sensação de “morte iminente”, mas esse efeito é transitório.

Quando administrada por via intravenosa, a adenosina causa bloqueio cardíaco transitório no nó atrioventricular. Este é mediado através do receptor A1, inibindo a guanilato ciclase e reduzindo o AMPc e assim causando hiperpolarização celular. Quando as TSVs não respondem a manobra vagal está indicada a adenosina na dose de 6mg IV em bolus seguida de flush de solução fisiológica.
A adenosina é um nucleosídeo formado pela união de uma adenina e uma ribose. É uma purina endógena originada da degradação de aminoácidos como metionina, valina e isoleucina.
As contraindicações da administração de adenosina são: BAV (bloqueio atrioventricular) de 2º ou 3º graus; disfunção do nó sinusal; fibrilação atrial pré-excitada.

REFERÊNCIAS:
Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Rio de Janeiro v 101, n 2, supl. 3, Agosto 2013.
Tallo, F. S. et. al. Taquicardias supraventriculares na sala de emergência: uma revisão para o clínico. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 nov-dez; 10(6):508-12.

4 comentários:

  1. GRUPO B
    Boa postagem! Ficou claro que a adenosina é uma alternativa relativamente segura. Fiquei atento as contraindicações, porque muitas vezes a população não tem conhecimento a respeito do riscos da automedicação, sobretudo com um fármaco que age em um dos sistemas mais nobres do organismo, algumas informações que devem ser lembradas são que "o uso conjunto com dipiridamol(medicamento usado para impedir a formação de trombos), por exemplo, pode provocar a ação potencializada. Além dele, a cafeína e a teofilina podem antagonizar a adenosina. Já a carbamazepina pode aumentar o seu potencial de bloqueio cardíaco". Ou seja, a associação com outros medicamentos pode gerar uma redução irreversível do ritmo cardíaco ou mesmo inibir a ação da adenosina. Até a próxima!

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    1. REFERENCIAS

      http://www.news-medical.net/health/Adenosine-Pharmacological-Effects-%28Portuguese%29.aspx

      http://doutissima.com.br/2014/05/08/tratamento-para-taquicardia-conheca-adenosina-suas-contraindicacoes-e-efeitos-colaterais-54371/

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  2. Oi gente! Que blog complicado, haha

    Encontrei algo que acredito que tem tudo a ver com o tema: A formação da Adenosina (Ado) intracelular. Ela pode se dar por duas vias principais que são: a clivagem da S-adenosil-homocisteína pela enzima S-adenosil-homocisteína hidrolase e pela degradação de AMP por ação de uma 5'-nucleotidase citosólica (Patel & Tudball, 1986). Depois de formada, a Ado pode passar atrafés da membrana plasmática por difusão facilitada através de transportadores de nucleosídeos. Estes transportadores são bidirecionais e equilibram os npiveis intracelulares e extracelulares de Ado (Dunwiddie & Masino, 2001). Além de ser liberada como tal para o meio extracelular, a Ado também pode ser formada no espaço extracelular, através da hidrólise do AMP extracelular por ação de uma ecto-5'-nucleotidase (Zimmermann, 1992; Dunwiddie & Masino, 2001). Vale ressaltar que a adenosina tem várias outras funções, que deixarei para os outros grupos encontrarem, rs!

    Grupo J - https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/16332/000702126.pdf?sequence=1

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  3. Grupo M
    As postagens estão cada vez mais interessantes, pois conseguem relacionar a bioquímica, a fisiologia e a farmacologia, despertando assim, mais ainda, o meu interesse por esse blog. A adenosina possui efeito de vasodilatação coronariana e atividade adrenérgica, reduzindo o tempo de condução do estímulo através do nó atrioventricular. Além disso, a adenosina possui atividade cardioprotetora e é utilizada em suplementos alimentares. Outra utilização da adenosina é na atividade hepatoprotetora e no tratamento de cirroses e hepatites. Assim, esse fármaco é utilizado em vários medicamentos devido à sua atividade variada. Aguardando a próxima postagem.

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