sexta-feira, 15 de maio de 2015

PCR e Epinefrina


        A Parada Cardiorrespiratória (PCR) tem sido conceitualizada como a parada abrupta da circulação e ventilação espotâneas, podendo serem estas reconhecidas através da checagem de pulsos (radial ou carótido, principalmente) e da respiração através da observação dos movimentos musculares no tórax ou da palpação da mesma região, buscando-se sentir sua elevação e retração. 
        A reanimação cardiorrespiratória é a medida emergencial indicada nesse caso e tem por objetivo então, reestabelecer a circulação, promovendo a oxigenação tecidual, principalmente ao cérebro. Tal procedimento segue as diretrizes normatizadas pela ACLS (Suporte Avançado de Vida- Cardiovasvular), que já foram inclusive discutidas aqui. 
  Veja a seguir, o protocolo a ser seguido na realização de RCP:

O protocolo também preconiza que a primeira droga a ser usada independentemente do ritmo de PCR é a epinefrina. A dosagem dessa substância a ser usada, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia é de 1 mg a cada 3-5 minutos. 
A epinefrina, mais conhecida como adrenalina é um hormônio secretado pelas glândulas adrenais e derivado da modificação de um aminoácido aromático (tirosina).  A elevada secreção de tal hormônio,  em momentos de "stress", prepara o organismo para grandes esforços físicos, estimula o coração, eleva a tensão arterial, relaxa certos músculos e contrai outros. A fórmula molecular desse hormônio é C9H13NO3, sua massa molar  é 183.204 g/mol e sua nomenclatura IUPAC é (R)-4-[1-hidroxi-2-(metilamino)etil]benzeno-1,2-diol.

                                   Resultado de imagem para adrenalina formula quimica
A adrenalina, uma catecolamina, atua em receptores alfa e beta adrenérgicos e seus efeitos principais no organismo em caso de PCR são: 
- aumento da pressão de perfusão gerada pela compressão torácica externa;
- aumento da freqüência cardíaca;
            - aumento da atividade elétrica miocárdica;
            - aumento do fluxo sanguíneo cerebral e coronariano;
           - aumento da contratilidade miocárdica;
           - aumento da automaticidade;
           - aumento do vigor na fibrilação ventricular, favorecendo a conversão da fibrilação fina (baixa amplitude) em fibrilação grossa (alta amplitude), que é mais suscetível à desfibrilação elétrica.


REFERÊNCIAS: 

Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia: Resumo Executivo. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2013; v. 100(2); pp. 105-113. Disponível em: <http://www.arquivosonline.com.br/2013/10002/pdf/interativa-10002.pdf>. Acesso em: 15/05/2015 às 13:41. 
http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/books/livro7/cap/cap11.htm. Acesso em: 15/05/2015 às 13:08. 

5 comentários:

  1. Bem interessante como a epinefrina, uma substância produzida pelo próprio organismo, consegue converter um coração “exaustado”. Fazendo um paralelo, pesquisamos sobre o uso de epinefrina em RCP neonatal. Os bebês, bem mais frágeis que os adultos, precisam de cuidados e dosagens de medicamentos muito diferentes. Quando a frequência cardíaca do recém-nascido permanece menor que 60bpm mesmo depois de ventilação e massagem cardíaca, o uso de expansor de volume e epinefrina são indicados. Recomenda-se sua administração por via endovenosa na dose de 0,01-0,03 mg/kg. Doses elevadas de adrenalina (>0,1 mg/kg) não devem ser empregadas, pois levam à hipertensão arterial grave, diminuição da função miocárdica e piora do quadro neurológico. A adrenalina deve ser sempre usada na diluição de 1:10.000. Quando não há reversão da bradicardia com o uso da adrenalina, pode-se repeti-la a cada 3-5 minutos (sempre por via endovenosa na dose 0,03 mg/kg) e considerar o uso de expansores de volume caso o bebê esteja pálido ou existam evidências de choque.
    DE ALMEIDA, Maria Fernanda Branco; GUINSBURG, Ruth. Programa de reanimação neonatal da sociedade brasileira de pediatria: condutas 2011. 2011.

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  2. Realmente, muito boa postagem. Relembra muito do que vimos tanto no módulo de Habilidades Médicas quanto no de Bases dos Processos Biológicos. A adrenalina tem todos os efeitos citados não somente quando é administrada nos casos de emergência, mas também em situações de luta ou fuga. São basicamente os mesmos efeitos. Esse conhecimento permite que seja usada para reverter casos de parada cardiorrespiratória.

    O aumento da pressão de perfusão tem origem no efeito vasoconstritor da epinefrina nos capilares periféricos, principalmente em órgãos como os do sistema digestógio, aumentando o retorno venoso e a pressão sistêmica Nesses locais, ela se liga aos alfa-receptores. Ao mesmo tempo, causa, em alguns tecidos, vasodilatação - ligam-se a receptores beta-adrenérgicos, causando o aumento do fluxo cerebral e coronariano, que precisam de mais sangue em situações de risco. É a presença dessas proteínas de reconhecimento (uma das muitas funções das proteínas para os seres vivos) da epinefrina na membrana celular que determina qual a resposta cada tecido terá a esse hormônio.

    Fonte: GUYTON, A. C. e HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª edição. Editora Elsevier. 2011.

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  3. Oi pessoal :)

    achei, no Lehninger (3a ed) algo muito interessante sobre a atuação da epinefrina/adrenalina. Na parte de mecanismos moleculares de transdução de sinal, que sao específicos e sensíveis, explica-se que o terceiro tipo de mecanismo de transdução é ilustrado pelo sistema do receptor beta-adrenérgico, que detecta a adrenalina e é mediado por porteinas receptoras da membrana plasmática, que indiretamente ativam enzimas (por meio de proteinas de ligação do GTP) responsáveis pela produção de mensageiros secundários intracelulares.


    Por enquanto é isso. Sigamos! Ansiosa pela próxima publicação. :)

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  4. GRUPO M
    Postagem bastante relevante, pois conhecimentos de ACLS e RCP são essenciais para a prática médica, assim é importante entender o mecanismo de ação da epinefrina (adrenalina). Há dois tipos de receptores para a epinefrina: o β-adrenergico, ligado ao sistema adenilato ciclase, e o α-adrenergico, cujo segundo mensageiro aumenta a [Ca2+] intracelular. As células musculares, que tem o receptor β-adrenergico respodem a epinefrina por meio da degradação do glicogênio para a glicose, gerando ATP e ajudando os músculos a lidar com o estresse que desencadeou a liberação de epinefrina. Dessa forma, esses mecanismos bioquímicos se fazem essenciais para a regulação metabólica e hormônios como a insulina servem para contrabalancear esse processo. Aguardando as postagens das próximas semanas.

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  5. GRUPO M
    Postagem bastante relevante, pois conhecimentos de ACLS e RCP são essenciais para a prática médica, assim é importante entender o mecanismo de ação da epinefrina (adrenalina). Há dois tipos de receptores para a epinefrina: o β-adrenergico, ligado ao sistema adenilato ciclase, e o α-adrenergico, cujo segundo mensageiro aumenta a [Ca2+] intracelular. As células musculares, que tem o receptor β-adrenergico respodem a epinefrina por meio da degradação do glicogênio para a glicose, gerando ATP e ajudando os músculos a lidar com o estresse que desencadeou a liberação de epinefrina. Dessa forma, esses mecanismos bioquímicos se fazem essenciais para a regulação metabólica e hormônios como a insulina servem para contrabalancear esse processo. Aguardando as postagens das próximas semanas.

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